7.4.09

O Tempo de Stela

A Exposição "O Tempo", da artista porto-alegrense Maristela Medeiros, é pura eloquencia. Passou pelo Centro Municipal de Cultura de Caxias do Sul num silêncio dito ao alto-falante. Silêncio, por ser a estréia da escultora; ao alto-falante, por ter superado qualquer espectativa, nossa ou dea própria. Um silêncio que arrebatou centenas, talvez milhares de pessoas, assombradas perante esculturas feitas em terracota que parecem vivas. "Parece que vão se mexer a qualquer momento", disse-me um amigo, e é verdade.
O Domínio da técnica artística somado ao conceito "tempo", muito bem explorado pela escultora, como eternidade pairante além da morte e do caos, produz um efeito poético poderoso no espectador. É impossível não asmirar e temer tais obras. Admirar pelo apuro estético; temer, pelo poder sugestivo que a passagem do tempo exerce sobre nós.
Tive a grata satisfação de conhecer Stela pessoalmente e constatar a sensibilidade desta mulher ímpar. Uma artísta que confirma o que sempre suspeitei: não basta nos limitarmos apenas ao nosso ofício. Stela, pelo pouco que conversamos, mostrou ter um abrangente conhecimento sobre diversas áreas das artes, como literatura, pintura, cinema e outras, além de uma espiritualidade afloradíssima. O campos de visão do artísta deve ser o mais dilatado possível. Temos que beber de fontes variadas, temos que experimentar.
Falando de sua obra propriamente dita, ao ver dois braços saindo do que parece ser pedra bruta ou até mesmo bronze, e esculpindo neste mesmo material um relógio, é difícil não pensar em como o tempo é uma convenção humana, ou como nós somos produtos do tempo, ou ainda como Cronos, o deus grego do tempo, nos devora a cada instante.
E mesmo falando sobre um tema tão explorado, Stela consegue um olhar inovador, através de um prisma diferente, e isso é o fundamental para a arte. Como diria Fernando Pessoa "Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas velhas, que já tem a forma de nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. "Nada há de novo debaixo do sol, a não ser a forma como vemos essas coisas velhas".
Artista deste quilate serão sempre bem-vindos à Capital Brasileira da Cultura, para troca, intercâmbio. É lógico que temos bons artístas por aqui também, como sempre gosto de sublinhar, mas é bom e saudável ver o que está sendo produzido fora de nossas fronteiras.
À Stela, fica meus parabéns e meu desejo sincero de ver seus próximos trabalhos.
Uili Bergamin - Jornal Gazeta de Caxias do Sul/RS

Jornal Pioneiro Caxias do Sul

Conhecimento - 2007

...buscamos, o tempo nos dá tempo... Stela
(52 x 50 x 20)cm

Sabedoria - 2006

...o tempo nos dá conhecimento, experiência, se aproveitamos temos sabedoria... Stela
(20 x 47 x 21)cm

Pássaro Anjo - 2006

...as virtudes nos é dado, temos que alcançá-las com liberdade... Stela
(71 x 35 x 14)cm

Visão - 2006

...no tempo, sua direção esta em sua mão, dirija sua vida... Stela
(27 x 65 x 8)cm